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domingo, 23 de novembro de 2014

TJ-RJ promove casamento coletivo de 160 casais homoafetivos.


TJ-RJ promove casamento coletivo de 160 casais homoafetivos no galpão do Armazém Utopia, na Zona Portuária do Rio (Foto: Daniel Silveira/G1)

O galpão do Armazém Utopia, na Zona Portuária do Rio ficou pequeno na tarde deste domingo (23). Mais de 1,5 mil pessoas foram convidadas para prestigiar o casamento de 160 casais homoafetivos. Este foi, segundo o coordenador do Programa Estadual Rio sem homofobia, Cláudio Nascimento, o maior casamento entre pessoas do mesmo gênero do mundo.

Entre flashs, lágrimas, sorrisos e afagos, os casais celebravam a conquista dos direitos civis igualitários. Alguns se formaram casais há pouco tempo, outros narravam história de anos de união afetiva enfim reconhecida. O discurso da maioria enaltecia o amor e a satisfação de se ver reconhecido pelo estado como casal.
A assistente técnica Caroline Helena Almoinha, 26, se casou com a produtora cultural Elizabeth Martins Damaceno, 26 no casamento coletivo (Foto: Daniel Silveira/G1)

"A gente nunca imaginou que a luta seria vencida e que conseguiríamos nos casar", disse a assistente técnica Caroline Helena Almoinha, 26, que se casou com a produtora cultural Elizabeth Martins Damaceno, 26. "Eu sempre quis casar, mas quando me assumi homossexual eu pensei que não iria conseguir. Hoje eu estou realizando um grande sonho", disse Elizabeth. "Estou felicíssima. Uma nasceu para a outra. Quando elas me contaram sobre a cerimônia coletiva, eu quis gritar para o mundo a minha felicidade", sacramentou Cristina Almoinha, 50, mãe de Caroline.
Mario Sergio Lemos, 33, se casou com Alexandre Alves Santos, 25 (Foto: Daniel Silveira/G1)

Antes da cerimônia, o arquivista Mario Sergio Lemos, 33, exibia a caixinha que continha as alianças que trocaria com o noivo Alexandre Alves Santos, 25. Ambos são baianos e escolheram o Rio para viver uma vida a dois. Eles estão juntos há seis anos e meio, dos quais dois foram de namoro virtual. "Nos conhecemos pela internet e demoramos dois anos para nos ver pessoalmente. Ele já morava no Rio e eu abandonei tudo para vir viver com ele", disse Alexandre. "Quando o vi na rua rodoviária, eu o reconheci como a pessoa com quem sempre sonhei me casar, declarou Sérgio.

'Amar é um direito'
No palco montado para servir de altar para a cerimônia, um cartaz ao fundo destacava a razão daquele evento: "Porque amar é um direito". O casamento garante direitos aos cônjugues. Por meio do registro civil se garante, por exemplo, a partilha de benefícios trabalhistas, pensões, herança fiscal, imposto de renda, segurança social, benefícios de saúde, imigração, propriedade conjunta, entre outros.

Para as advogadas Cristina Freitas, 51, e Regina Nunes, 55, casar não é novidade, mas é um direito do qual não abriram mão. Cristina se casou seis vezes. Regina, cinco. Ambas estabeleceram uniões com homens, tiveram fihos, se separaram, e casaram outras vezes - com homens e com mulheres. "A gente sabe quando encontra a pessoa certa", disse Regina afirmando ter certeza de que reconheceu Cristina como o amor de sua vida.

"A gente veio de uma geração em que não casar era um absurdo. Eu casei na marra. Mas casar é partilhar projetos de vida, valores e princípios", disse Cristina, revelando a segurança de estar se casando pela sétima vez com a plenitude do amor. "Foi até bom que a gente não tenha se conhecido na juventude, porque poderíamos ter nos perdido com os impulsos da idade", acrescentou.
As advogadas Cristina e Regina se casaram sob o olhar admirado de Marcelo, filho de Cristina. "Já a vi xasar outras vezes, mas é maravilhoso vê-las juntas", disso o jovem. (Foto: Daniel Silveira / G1)

'Emoções'
A entrada dos casais no imenso salão não foi ritmada pela tradicional marcha nupcial, mas sim por um dos clássicos do Rei Roberto Carlos, "Emoções", interpretada pela cantora transgênera e ativista dos direitos LGBTs Jane di Castro, de 65 anos. Ao lado de Otávio, com quem mantém uma vida conjugal há 47 anos, ela conduziu o cortejo de casais.

Jane e Otávio também se casaram na cerimônia deste domingo. Para mim, é felicidade pura oficializar a união com o homem que eu amo tanto e há tantos anos", declarou a cantora, que levou muitos casais e convidados às lágrimas.

O casamento coletivo foi uma iniciativa do Programa Estadual Rio sem homofobia em parceria com o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Em 2013, o órgão realizou o primeiro casamento homoafetivo do estado, com a união de 130 casais - até então, apenas uniões estáveis haviam sido registradas no estado. "Tivemos que limitar as inscrições porque não seria possível atender a todos os casais. Não teríamos sequer estrutura física para atender a demanda. Mas, no ano que vem pretendemos unir mais 300 casais no Maracanãzinho", adiantou Cláudio Nascimento, coordenador do programa.
Cantora Jane di Castro cantou 'Emoções', de Roberto Carlos, para ser a trilha musical do casamento coletivo (Foto: Daniel Silveira / G1)Cantora Jane di Castro cantou 'Emoções', de Roberto Carlos, para ser a trilha musical do casamento coletivo (Foto: Daniel Silveira / G1)
Via: G1

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