Obangame Express 2014 foi um exercício naval
patrocinado pela US Navy para o treinamento das marinhas das nações do
Golfo da Guiné. Neste ano o Navio de Patrulha Oceânica Apa (P-121) da
Marinha do Brasil foi à Douala, na Republica de Cameroun, em maio desse
ano onde ALIDE teve a oportunidade de acompanhar em primeira mão e ainda
conhecer outros dois navios que também participaram deste exercício
multilateral. Venha conhecer conosco o navio da Marinha Real Belga
Godetia A960 e a fragata da República de Portugal Bartolomeu Dias F333.
O Godetia A960
Mantendo a tradição de sempre respeitar os mais
velhos, nesse caso, o bem mais velho, começaremos pelo A960 que é um
projeto antigo cujo exterior não revela a impressão que tem ao
conhecê-lo por dentro. Ainda que o Navio tenha sido construído em 1965 e
obedecendo a uma logica ainda remanescente da II Guerra Mundial, o
Godetia mostra que navios de apoio logísticos podem ser bem mais que
meros cascos vazios.
O Godetia é um navio sucessor de outro Godetia, o
K226, uma embarcação amplamente utilizada durante a II Guerra Mundial
para o transporte das tropas belgas pelo velho continente. Mas o Godetia
atual é muito mais que um mero navio de transporte, como os próprios
marinheiros dizem: ele é um navio de apoio logístico ampliado. Ou seja,
ainda que capaz de realizar o transporte de tropas ele é também capaz de
realizar procedimentos cirúrgicos pequenos e/ou emergenciais, algo que
hoje qualquer navio pode fazer mas se observamos que a luz da época em
que o Godetia foi construído isso era de fato uma característica
inovadora. Este navio também é capaz de realizar a transferência de
mantimentos, instalação de cabos de comunicação, e outras atividades que
na década de 60 e 70 eram pouco triviais para qualquer marinha.
Porém com o
passar do tempo os cabos e o próprio hospital foram perdendo a forca
estratégica imediata, e o Godetia passou por uma transformação na sua
concepção, ele virou o navio de apoio às forças da antiga colônia do
Reino da Bélgica e desde a sua grande reforma essa tem sido em grande
parte a sua missão.
Porem não se
iludam os mais céticos que de imediato questionariam a importância de
uma missão como essa. O Godetia não carrega armamento pesado, as mais
visíveis sendo duas metralhadoras .50 na proa protegidas por sacos de
areia, o que particularmente agrega um charme interessante ao navio.
O Godetia passou
por um grande programa de reaparelhamento dos motores recentemente,
recebendo modernos motores Catterpillar, que diminuíram o consumo de
óleo diesel e estenderam o raio de ação do navio, reduzindo a vibração e
o seu ruído no mar. O Godetia não foi projetado para realizar a guerra
submarina muito ao menos almeja essa posição, sua real intenção é ser o
primeiro a auxiliar alguém que se encontre em perigo.
Seguindo esta
filosofia o Godetia tem como missões principais o combate a pescaria
ilegal, a ajuda humanitária e o apoio logístico para navios varredores
de minas atuando como plataforma de comando e controle para operações de
varredura de minas submarinas. O Godetia realiza ainda um papel
diplomático muito importante, por ser um dos poucos navios da Real
Marinha Belga que pode atuar como uma embaixada em caso de uma
necessidade extrema.
No Porto de Douala tivemos a oportunidade de
conversar com a tripulação, que é no mínimo curiosa pela diferença de
idade e pela tranquilidade a bordo. São poucos os oficiais com menos de
30 anos, existindo entre eles um Brasileiro, o Tenente De Oliveira
através de quem tivemos o prazer de conhecer um pouco sobre a Marinha
Belga atual.
Filho de Belgas,
De Oliveira, ingressou na Marinha Belga depois de concluir o terceiro
grau e passou por dois anos de curso de formação de oficiais da marinha.
Ele nos contou que hoje a maior dificuldade da Real Marinha Belga é
promover a renovação do seu quadro de pessoal militar. Existe um
desinteresse grande da população belga, de forma geral, no ingresso nas
forcas armadas e hoje a exigência mínima para o ingresso é ser cidadão
europeu. O tenente destacou que mesmo com seus quase cinquenta anos de
serviço, no Godetia apenas a super estrutura é a mesma. Para demonstrar
isso ele fez questão de mostrar algumas das transformações que o navio
sofreu ao longo do tempo. Uma das principais mudanças foi a adição de um
convés de voo na popa a colocação e a posterior retirada dos carretéis
para instalação de cabos submarinos, e a montagem subsequente de um
pequeno hangar. O navio tem capacidade de transportar um pequeno
helicóptero AS350 Esquilo mono semelhante os helicópteros em uso pela
Marinha do Brasil.
Ficha Técnica
Deslocamento: 2500 Toneladas.
Comprimento: 91.30m
Largura: 14m
Boca: 3.50m
Propulsao: 4x Motores a Diesel 5.400 Hp
Leme: dois
Velocidade: 19 Nós
Alcance: 6.000 Milhas (11 mil Km)
Tripulação: 95 total
Aeronave: 1 helicóptero Eurocopter AS350 (Esquilo)
A fragata holandesa da Marinha de Portugal
Bem maior que
o pequeno Godetia, a Fragata Bartolomeu Dias, foi adquirida pela
Marinha Portuguesa em 2009 da Real Marinha dos Países Baixos por 240
Milhões de Euros, e sem dúvida alguma era um dos navios mais bem
equipados de todo o exercício Obangame.
Bartolomeu Dias
foi um explorador Português, o primeiro a conseguir chegar no ponto mais
ao sul do Continente Africano, uma proeza significativa uma vez que só
chegar perto do cabo das tormentas era motivo de causar os arrepios mais
profundos nas medulas espinhais dos marinheiros daquela época,
independendo de sua.
O navio, que foi
construído pelo Estaleiro Damen Schelde em maio de 1992, esse mesmo
estaleiro construiu a classe De Zeven Provinciën que nossos leitores
conferiram na matéria exclusiva publicada na edição anterior da Revista Base Militar. ALIDE também já embarcou anteriormente na fragata Dom Francisco de Almeida, navio da mesma classe da Bartolomeu Dias, em um exercício naval regular da OTAN.
O NRP Bartomeu Dias tem em seu DNA o ideal de ser
uma fragata multipropósito. Capaz de chegar a 30 nós de velocidade com
seus dois motores a Diesel Stark Warts de 4900cv cada um e as duas
turbinas a gás Rolls Royce Spey 5M1A – 14 MW 19mil cv cada e de atuar
como um navio escolta de frotas ou flotilhas da OTAN em território
inimigo auxiliando inclusive na defesa antiaérea.
Para o
comprimento desse objetivo a F333 usa um sistema de lançamento vertical
Mk.48 mod 1/16c para seus 16 mísseis antiaéreos RIM-7M Seasparrow
fabricados pela Raytheon. Este míssil era a plataforma padrão das
marinhas da OTAN para a defesa de ponto. O sistema de míssil anti navio
Mk.141 Harpoon leva um máximo de oito mísseis Harpoon RGM-84D fabricados
pela Boeing. Para finalizar, contra submarinos o navio ainda possui
dois tubos lança torpedos Mk32.
O NRP Bartolomeu
Dias ainda conta com uma interessante estrutura de comando e controle,
com nove estações que são intercambiáveis entre si sendo capazes de
permitir o controle sem restrições de cada um dos diferentes aspectos
das missões do navio.
O imediato do Navio, Comandante Soares, nos contou
um pouco sobre a importância do NRP Bartolomeu Dias para a Marinha
Portuguesa. "este é um navio não apenas capaz de realizar missões de
pequeno porte mas também de cumprir uma missão de escolta em uma
operação de maior escala, principalmente os comboios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para a
proteção ao tráfego marcante. Para tanto, esta fragata leva a bordo uma
série de sistemas de detecção e vigilância radar, como o radar Kelvin
Hughes para navegação, o radar Thales Nederland STIR-180 para controle
de tiro dos mísseis SeaSparrow, o Radar Thales LW-08 para busca aérea, o
radar Thales SMART-S 3D de busca combinada, realizando a varredura
aérea e da superfície, além de um sonar de casco Thales PHS-36.
Para a gestão do
sistema de combate, sensores e armas o navio usa o sistema SEWACO Mk.VII
Spider, com datalink Link 11, MCCIS e integração com o sistema AIS de
identificação para navios mercantes. Junto a eles existe ainda o sistema
de defesa antimíssil Mk. 36 (Super Rapid Blooming Offboard Chaff)e o
interferidor eletromagnético ("jammer") APECS-II/AR700 são parte do
sistema de guerra eletrônica do navio. O sistema AN/SLQ-25 Nixie de
medidas antitorpédicas completa as tecnologias embarcadas.
Ficha Técnica:
Deslocamento: 3320 Ton
Comprimento: 122.3m
Boca: 14.4m
Calado 4.3m
Velocidade máxima: 30 nós
Autonomia: 9000 milhas náuticas à velocidade de 18 nós
Tripulacao: 176
http://www.horadasnoticias.com/37941/ucrania-videos-e-noticias-da-guerra---ultimas-atualizacoes-/ (Acompanhar cliques)
Nenhum comentário:
Postar um comentário