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O estudo, publicado recentemente nos Anais da Academia Brasileira de
Ciências, afirma que este poderoso terremoto ocorreu em junho de 1690
nas proximidades de Manaus, quando a cidade não passava de um
ajuntamento de poucas cabanas cobertas por palha.
De acordo com o autor da estudo, cientista Alberto Veloso, ligado à
Universidade Nacional de Brasília, este tremor teve seu epicentro
localizado na margem esquerda do rio Amazonas, aproximadamente 45km
abaixo da cidade de Manaus. De acordo com o professor, o sismo foi tão
intenso que foi sentido em uma área superior a 2 milhões de km2.
Tsunami no Amazonas Segundo Veloso, o intenso abalo
produziu severos danos no terreno e produziu ondas no rio Amazonas que
criaram um pequeno tsunami que inundou as aldeias indígenas nas margens
do rio Urubu.
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Apesar de ser um evento bastante raro, ele sinaliza que tremores
parecidos podem ocorrer em outras regiões do Brasil resultando em
acontecimentos trágicos, especialmente em áreas urbanas.
Liquefação O estudo de Veloso indica que na área
epicentral o chão foi completamente revirado. Partes do solo subiram,
outras desceram e muitas encostas escorregaram.
No entender do cientista, esses efeitos se devem ao fenômeno conhecido
como liquefação, que é a passagem do estado sólido para o líquido,
quando rochas saturadas de água perdem a rigidez pela intensa vibração
sísmica.
"Não existe nada similar em nossa história. Esse evento foi
percebido a mais de mil quilômetros do epicentro e é sem dúvida o maior
terremoto brasileiro", afirma Veloso, criador do Observatório
Sismológico de Brasília. "As águas do Amazonas balançaram de forma
incomum, com tanta força que inverteu o fluxo do rio Urubu, inundando as
aldeias a cerca de 5 km de sua foz", completou.
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O estudo de Veloso é alicerçado em relatos dos padres jesuítas
Samuel Fritz e Felippe Betendorf, que visitaram em épocas distintas a
região epicentral e conversaram com testemunhas dos fatos.
Lições Que ensinamentos devemos tirar do raro e perigoso
tremor? Primeiramente a de que o Brasil não está imune a sismos fortes e
potencialmente danosos. Há cerca de 300 anos não se falou de prejuízos
materiais ou de vítimas fatais, mas hoje não seria assim.
Aquela região se desenvolveu e há maior exposição de pessoas, de
construções e de importantes infraestruturas que não foram desenhadas
para resistir a sismos fortes.
Megaterremoto no Brasil Para Veloso, tremores parecidos
com o de 1690 poderão repetir-se, não somente na Amazônia, mas em
qualquer outra região brasileira.
Estima-se que um sismo de magnitude 7 aconteça no Brasil a cada 500 anos
e um tremor de 5 magnitudes, cada cinco anos, aproximadamente.
Mesmo os abalos menores podem fazer estragos em construções frágeis,
comuns pelo país afora. Em 1986 um abalo de 5.1 danificou cerca de 4.500
construções e desabrigou mais de 25 mil pessoas em João Câmara, RN. Já
tivemos tremores de 6.1 e 6.2 que só não causaram danos importantes por
terem epicentros em áreas despovoadas.
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