WASHINGTON/DALLAS (Reuters) - Autoridades federais e companhias
aéreas estão debatendo se os aeroportos dos Estados Unidos deveriam
examinar os passageiros para identificar aqueles que podem estar com
Ebola, mas a Casa Branca informou nesta segunda-feira que uma proibição a
viajantes oriundos de países do oeste da África iria retardar o combate
ao vírus mortal.
“O que estamos estudando é rever estes
procedimentos de revista”, disse o porta-voz da Casa Branca, Josh
Earnest, a repórteres em um informe diário à imprensa. Mas as
autoridades não querem atrapalhar os sistemas de transporte usados para
enviar suprimentos e pessoal para as nações africanas mais atingidas
pela doença, observou Earnest.
A associação comercial Airlines
for America declarou que iria se reunir com autoridades de saúde e de
segurança ainda nesta segunda-feira para discutir se procedimentos de
revista adicionais em qualquer lugar do mundo poderiam ajudar a
aprimorar os que já estão em vigor.
As pessoas que partem de
países afetados pelo Ebola são instruídas a preencher um questionário
informando a presença ou não de sintomas, como febre alta, e se tiveram
ou não contato com alguém diagnosticado com o Ebola. Na Libéria, pelo
menos, elas também são examinadas para detectar febre.
As
autoridades dos EUA e o público estão em estado de alerta desde o
primeiro diagnóstico de Ebola no país pouco mais de uma semana atrás, o
que despertou temores de que a pior epidemia da doença já registrada
possa se disseminar para além do oeste africano.
O liberiano
Thomas Eric Duncan – que viajou para os EUA via Bruxelas e Washington a
partir da Libéria depois de ajudar a socorrer uma mulher que mais tarde
morreu do Ebola – luta pela vida no hospital Texas Health Presbyterian,
de Dallas, que inicialmente o dispensou com antibióticos e teve de
interná-lo dois dias mais tarde, quando chegou de ambulância.
Agentes
de saúde afirmaram que nenhuma das dez pessoas que estavam sendo
monitoradas depois de terem tido contato direto com Duncan mostraram
sintomas do Ebola até o momento. O Ebola, que pode causar febre, vômito e
diarreia, é transmitido por meio do contato com fluidos corporais, como
sangue ou saliva.
“A preocupação agora é que o estresse e o medo
disto se tornem mais danosos a esta comunidade do que o próprio vírus”,
declarou o doutor David Lakey, comissário do Departamento dos Serviços
Estatais de Saúde do Texas, a repórteres.
O hospital informou
nesta segunda-feira que Duncan continua em estado grave “e agora está
recebendo uma medicação experimental, Brincidofovir, para a doença do
vírus do Ebola”.
O Brincidofovir foi desenvolvido pela
farmacêutica Chimerix Inc, que disse que foi testado em mais de mil
pacientes sem despertar preocupações sobre sua segurança.
As
autoridades afirmam estar confiantes de que a doença pode ser contida
nos EUA, enquanto se reforçam as medidas de reação ao Ebola em sua fonte
no território africano.
A preocupação com a febre hemorrágica
também é grande na Europa, onde o primeiro caso de Ebola contraído fora
da África foi relatado nesta segunda-feira.
Agentes de saúde
espanhóis afirmaram que uma enfermeira do país que tratou de um padre
repatriado a Madri com Ebola no mês passado, e que morreu em decorrência
da doença, também foi infectada.
(Reportagem adicional de Susan
Heavey e Mohammad Zargham em Washington, Jon Herskovitz em Austin, Texas
e Lisa Marie Garza em Dallas, Jeffrey Dastin e Sharon Begley em Nova
York)