"Sr Ministro! Se eu pudesse lhe dar um conselho eu diria: pede
para sair! Esta não é sua praia! Seu discurso distorce conceitos de
servir."
Ministro da Defesa, Jaques Wagner (Imagem: Tribuna da Internet) |
Marco Antonio Esteves Balbi*
Cada palavra do discurso de posse de Jaques Wagner, cada declaração nas
inúmeras entrevistas que têm concedido aos diferentes órgãos de
comunicação, maior é a minha convicção que assume a pasta com uma missão
a cumprir, semelhante aos seus dois antecessores.
Jobim, o gauchão, como a ele se refere um querido amigo, antes de
simular a tal "briga" para ir embora do governo, cumpriu a tarefa que
lhe acometeu. Depois de ter sido considerado quase um herói, ao barrar a
entrada em vigor do famigerado PNDH 3, que o colunista Reinaldo Azevedo
acrescenta um inteligente S de socialista à sigla, acalmou as hostes da
ativa e da reserva das Forças Armadas, ou pelo menos os seus comandos e
lideranças, sobre o projeto de lei de criação da Comissão Nacional da
Verdade. Reuniu em almoço no Ministério da Defesa em Brasília os três
Comandantes da Forças, os três Presidentes dos principais clubes
representativos do estamento militar e o Chefe do Estado Maior Conjunto
da Defesa para lhes "tranquilizar" quanto às intenções da Presidente da
República. Disse-lhes que não havia, por parte da autoridade maior,
qualquer ideia de revanchismo e que o objetivo seria tão somente atender
compromissos políticos assumidos com determinados setores da sociedade.
E eles acreditaram!
Celso Amorim assumiu, o projeto de lei foi encaminhado ao Congresso
Nacional e teve uma tramitação tranquila, com pouca ou quase nenhuma
oposição. Afinal, todos no Brasil são de esquerda, com raras e honrosas
exceções e imagine qual o congressista iria querer parecer retrógrado
perante a história do país? Aliás, no Senado Federal o relator do
projeto foi um ilustre senador de oposição, que não poupou elogios à
medida. Não preciso relembrá-los da figura do motorista de Marighela no
célebre assalto ao trem pagador em São Paulo.
Aprovado o projeto o circo pôs-se a erguer a sua lona na tentativa de
influenciar a opinião pública e causar comoção. A partir da solenidade
de instalação dos trabalhos da comissão teria que haver uma reação
daquelas autoridades que citei acima, posto que a presidente foi a
primeira autoridade a descumprir a lei, ao nomear todos os membros
comprometidos com a história que a esquerda gostaria de ver contada,
transformando bandidos em heróis!
A seguir, mais um motivo para reagir, a decisão contrária a lei de
restringir a pesquisa ao período pós 1964 e só ouvir uma versão dos
episódios. Talvez, tenho certeza agora, tenha entrado em campo a figura
melíflua do Amorim, apresentando, sabe-se lá que argumentos, para que
até colaboração houvesse, com aviltamentos inimagináveis, comitivas
inoportunas em organizações militares, cessão de cópias de documentos
particulares reservados etc. Leio a citação explícita do ministro que
assume ao trabalho do seu antecessor neste processo. Só elogios.
E chegamos a era Jaques Wagner. Seu discurso de posse é dúbio. Não se
pode precisar se ele se "voluntariou" com a presidente para a missão. O
certo é que tem uma missão a cumprir. Dar consequência às recomendações
do relatório equivocado da comissão já citada. Como diria um antigo
professor, a comissão "respondeu de maneira inadequada pergunta não
formulada"! E, para não deixar passar em branco a homenagem a outro
querido amigo, este infelizmente recém falecido, de uma maneira canalha
relacionou nomes de homens probos, muitos já falecidos, com longa lista
de serviços prestados à nação, acusando-os, sem provas, de
desrespeitarem os direitos humanos. Das quase 40 comissões semelhantes
que se estabeleceram mundo afora, foi a única a apresentar tal
barbaridade jurídica, restando aos nominados provarem que são inocentes.
Ainda bem que, neste mister, vários familiares já se manifestaram com
indignação. Mas, e o Jaques Wagner? Ele se antecipou e já cumpriu uma
recomendação da comissão! Lá na Bahia, estado que recentemente lhe
concedeu uma polpuda aposentadoria, substituiu o nome do insigne
Presidente Médici pelo bandido, terrorista e guerrilheiro Marighela,
numa escola! Que belo exemplo para os alunos! Que bela credencial como
Ministro!
Cai, pois, por terra, a história que ele relata sobre curar cicatrizes e
feridas, não andar com lanterna voltada para trás e outros chavões do
gênero que ele vem divulgando. Aliás, provando que não guardou muita
coisa dos seus tempos de aluno de Colégio Militar, quem conhece algum
colega dele aí se apresente, talvez um dos 4 ou 5 que ele diz ter
arrastado, segundo suas palavras para o colégio, repete outro chavão
sobre militares de ontem e militares de hoje. Não aprendeu nada sobre
valores, tradições, história e cultura daqueles que comungam dos mesmos
ideais.
Penso que comecei o ano meio saudosista dos amigos que se foram. Peço
aos que tiverem acesso ao novo ministro que apresentem a ele as obras e
publicações do General Sergio Augusto de Avellar Coutinho. Se ele não
for muito afeito à leitura, sindicalista amigo de Lula nunca se sabe,
mostrem-lhe, apenas, os desenhos da palestra Revolução Invisível e o
pequeno opúsculo intitulado A Neutralização da Grande Barreira. Assim
sendo ele tomará conhecimento que todos os militares da ativa e da
reserva têm perfeita noção da marcha gramscista de tomada do poder em
andamento e a acompanha com muita preocupação. Vai perceber ali, talvez
estarrecido, será(?), que várias medidas já em implementação e outras
tantas recomendadas pela CNV estão ali listadas. A começar pela
reformulação dos currículos das escolas e colégios militares. Destaco
aqui, parte do curriculum vitae mandado distribuir do Jaques Wagner; diz
que ele estudou engenharia na PUC do Rio de Janeiro. Fiquei curioso:
passou no então vestibular, disputado, tendo saído dos bancos escolares
do CMRJ? Comprovando a excelência do ensino ali praticado, assim como em
todas as demais instituições militares do Brasil!
Sr Ministro! Se eu pudesse lhe dar um conselho eu diria: pede para sair!
Esta não é sua praia! Seu discurso distorce conceitos de servir. As
Forças Armadas são instituições permanentes que não servem a governos,
servem ao país, à Nação. Sua fala, misturando citação do Barão do Rio
Branco, por favor deixe o Barão em paz, ele já está estressado demais
com as figuras do seu partido que dão ordens lá no Itamaraty, está muito
confusa, talvez não tenha dado tempo para passar pela revisão.
Acho que já me alonguei bastante, mais do que deveria para não ser
enfadonho. Cabe somente uma última observação: decore o grito de guerra
dos Colégios Militares, Ministro! Decore o zumzaravalho, pois caso
contrário sua primeira visita a um colégio começará mal! Muito mal!
* Coronel Reformado
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