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Hinos
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
Polícia Federal aponta elo entre facção brasileira e Hezbollah.
BRASÍLIA - Na região de fronteira que separa Brasil, Argentina e
Paraguai, a atuação de grupos ligados ao terrorismo internacional sempre
foi, para as autoridades americanas, um fato incontestável. No Brasil,
pelo menos oficialmente, o caso nunca foi admitido, e as declarações
governamentais costumam minimizar o tema. Nos últimos anos, no entanto,
os serviços de inteligência do país reuniram uma série de indícios de
que traficantes de origem libanesa ligados ao Hezbollah, o "Partido de
Deus", se aventuraram numa associação com criminosos brasileiros.
Relatórios produzidos pela Polícia Federal apontam que esses grupos se
ligaram ao PCC, organização criminosa que atua nos presídios
brasileiros, principalmente nos de São Paulo.
Uma série de documentos obtidos pelo GLOBO revela que essa espécie de
sociedade da delinquência começou a ser montada em 2006. Mas as provas
só foram descobertas dois anos depois, quando uma operação realizada
pela PF reuniu os primeiros indícios da ligação entre libaneses e a
organização criminosa brasileira. Na época, envolvidos com o tráfico
internacional foram presos. Segundo as autoridades americanas, o
dinheiro da droga é justamente uma das fontes de financiamento de
entidades terroristas. Já a PF encontrou indícios de que esse grupo de
libaneses que operava com o tráfico abriu canais para o contrabando de
armas destinadas à organização criminosa brasileira.
Em troca, os
criminosos brasileiros prometiam dar proteção a presos da quadrilha
libanesa já detidos no Brasil. A notícia da associação criminosa surgiu
de informante da PF. A veracidade acabou sendo confirmada pela área de
inteligência, que monitorou não só os suspeitos sob investigação, como
também os integrantes da facção brasileira que comandavam ações mesmo
detidos em presídios federais e estaduais em São Paulo e Paraná.
Segundo relatório da PF, "a concentração de tais detentos vem
auxiliando na aglutinação de indivíduos com interesses comuns, além de
viabilizar o contato de traficantes de origem árabe com grupos" como a
facção "com marcante presença nos estabelecimentos prisionais do estado
de São Paulo". O documento diz ainda que os contatos internacionais dos
traficantes libaneses "têm atendido aos interesses" da facção
brasileira, "que, por seu turno, viabiliza uma situação favorável aos
estrangeiros dentro do sistema prisional, além de assegurar algum lucro
com negociações mesmo enquanto estão presos".
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