Espadas não são armas tão comuns em filmes, mas, quando aparecem, normalmente têm alguma história, uma característica mágica, ou são especiais de alguma forma – o que dificilmente acontece quando de trata de uma arma de fogo, por exemplo. Se há uma espada, ela tem que ter uma história (que às vezes é até mais interessante que a do herói).
Em quase todos os filmes em que essa arma aparece, há uma coleção de fatos completamente fantasiosos sobre espadas. Chris Farrel, um ferreiro com 13 anos de experiência, montou para o site Cracked uma lista com seis destes erros.
6. A katana é a espada mais fantástica já inventada
Da forma como os filmes mostram as katanas, elas são praticamente mágicas: fortes o suficiente para cortar ossos, metal, armaduras, seu suposto poder vem do fato de o aço ter sido dobrado dezenas ou centenas de vezes.
Para começar, os ferreiros japoneses usavam um minério chamado tamahagane. Parece legal porque é japonês, mas os ocidentais conhecem ele como pig iron (algo como “ferro porco”) ou “gusa“, rico em carbono e, portanto, quebradiço. O processo de dobrar o aço foi o modo encontrado pelos ferreiros japoneses para eliminar o excesso de carbono. Além disso, as katanas são dobradas no máximo oito vezes – mais que isso e elas ficam muito moles.
As katanas eram inúteis nas mãos de alguém sem treino exaustivo, porque se você balançar ela de forma errada, pode fazê-la em pedaços
5. Espadas começam como metal derretido
Quem assistiu ao filme Conan, o Bárbaro (1982) deve se lembrar da espada sendo forjada a partir de metal derretido que verte em uma forma. Se não se lembra ou não assistiu, pode ver a seguir:
Para piorar, nem filmes mais recentes corrigiram esta parte:
4. As melhores espadas são temperadas dentro do corpo humano
Romances de fantasia e até mesmo mitos contados desde tempos medievais ensinam que o único jeito de fazer uma “espada perfeita” é esfriá-la no estômago de um escravo. Segundo alguns, o sal no sangue esfriaria o aço mais rapidamente – ou alguma explicação totalmente mística era apresentada (como ocorre na série A Guerra dos Tronos, quando se conta o mito da espada Luminífera).
Porém, esse método não é nada prático. Uma espada que esteja rubra está muito mole por causa do calor, e se você tentar enfiá-la em alguém, provavelmente vai encontrar algum osso pelo caminho, e a lâmina vai entortar. E, mesmo se não entortar, o sangue vai arruinar a lâmina.
Alguns ferreiros modernos usam óleo motor (se não se importam com câncer de pulmão), mas a maioria usa algum óleo vegetal. Parece bem menos interessante, mas espadas temperadas em óleo de amendoim parecem que estão sendo abençoadas pelo Senhor das Luzes (e também cheiram bem).
3. Espadas só estão prontas se elas tiverem um sulco para o sangue
Segundo a lenda de Hollywood, uma espada que não tem um sulco correndo por toda a lâmina não poderá ser usada para espetar um inimigo, pois ficaria presa pela sucção do corpo do inimigo, e teria que ser abandonada. O sulco permitiria que o sangue e as tripas espirrassem e que entrasse ar quando o guerreiro puxasse a espada para fora do corpo do inimigo caído.
Embora as lâminas verdadeiras tem um sulco, a função dele é outra. O sulco, chamado de fuller, existe para tornar a lâmina mais leve, sem sacrificar força ou estabilidade. Ao retirar metal da lâmina, um ferreiro pode diminuir consideravelmente o peso da arma, permitindo que ela seja manuseada com uma só mão.
2. Espadas poderosas são feitas de metais mágicos
Parte das espadas dos filmes é feita de algum metal maluco, como aço valiriano, mithril ou vorpal, ligas e metais criadas por alquimistas, muito melhores que qualquer metal conhecido pelo homem comum.
Infelizmente, no mundo real, temos apenas o aço. Mesmo o ferro de meteoritos, que já foi usado para fazer punhais, não é especial. O que há de especial em algumas espadas é a porcentagem de carbono – e, no caso das lâminas de Damasco, uma coisa muito mais legal que qualquer metal mágico inventado por qualquer escritor maluco: nanotubos de carbono, direto do século XVII.
Durante as Cruzadas, os cristãos ocidentais descobriram as lâminas de Damasco, que eram lendárias pelo fio que tinham. O processo de criação das lâminas ficou perdido por muito tempo, até que acidentalmente alguns metalurgistas da Universidade de Stanford (EUA) acidentalmente redescobriram como criar estas lâminas, que não só tinham um fio lendário, mas tinham até mesmo o aspecto de lâminas mágicas.
1. Fazer uma lâmina é tão simples quanto fazer uma montagem
Os filmes parecem passar a ideia que fazer uma lâmina é extremamente simples e fácil, e que um ferreiro habilidoso poderia fazer pelo menos umas três espadas por dia.
Contudo, uma lâmina toma entre 40 a 80 horas de trabalho na forja, e isto só para fazer a lâmina. Acrescente a isto o punho, a guarda e outras partes, e uma espada pode facilmente tomar duas semanas de trabalho. Adagas podem ser feitas em 15 horas, ou até mesmo 40 ou 50 horas. Cada espada que você vê é o produto de sangue, suor e lágrimas de alguém.
E a parte do sangue pode ser literal: uma das ferramentas modernas é o esmeril de bancada, que é conhecido por arrancar lâminas das mãos de ferreiros e jogá-las em direção ao rosto deles.
Além disso, existem os metais (como o zinco) que podem matar, ou o manganês, que não vai matar, mas pode causar doença de Parkinson. Finalmente, tem o detalhe das farpas metálicas que se alojam na pele, fazendo com que os detectores de metal dos aeroportos disparem toda vez que um ferreiro vai viajar de avião. [Cracked]
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