Preso por tráfico, comerciante cumpre pena em regime aberto no PR
por Francisco LealiSegundo o texto, o libanês, que tinha 61 anos e vivia no Brasil, era ligado ao tráfico internacional de drogas. Farouk seria ainda mais perigoso: foi apontado como o principal membro do Hezbollah na região. Uma espécie de coordenador da comunidade. Farouk era a "figura-chave" para obtenção de documentos falsos, tanto no Brasil como no Paraguai, que eram usados nas requisições de naturalização nos dois países.
Naquele mesmo 2006, a Polícia Federal abriu inquérito no Brasil. Mas o caso era apenas envolvimento com narcotráfico. No ano seguinte, o libanês, que fala francês e árabe fluentemente, foi preso por ordem judicial. Era a Operação Camelo, da PF. O filho Kaled Omairi também foi detido. Outro filho, Ahmad, menor de 21 anos, fugiu.
Os três da família Omairi foram condenados por associação para o tráfico internacional. Farouk pegou 12 anos de prisão, e foi parar, ao lado de Kaled, no presídio federal de segurança máxima de Campo Grande. Na época, estava no mesmo presídio o traficante Fernandinho Beira-Mar.
O envolvimento de Farouk com o financiamento do terrorismo chegou a ser citado no processo, mas não se transformou numa acusação formal. Mesmo assim, o setor de inteligência da PF tratou de monitorar a vida do libanês. Os policiais se mantinham informados sobre quem visitava Farouk na cadeia federal, quando e quantas vezes.
Relatório de inteligência lista encontros dele com advogados e parentes em Campo Grande. Hora e duração das conversas foram registradas e repassadas para a área de inteligência da PF. Oficialmente tratado apenas como um traficante que cumpria pena, Farouk teve direito a passar para o regime semiaberto e, em 2012, ganhou as ruas no regime aberto, sendo obrigado a se apresentar regularmente à Justiça.
Recentemente, seus advogados pediram autorização para que ele possa cruzar a Ponte da Amizade e ir ao Paraguai. A alegação é que Farouk precisa tocar os negócios de turismo, o que não poderia ser feito sem idas ao país vizinho. O advogado Oswaldo Loureiro de Mello Júnior diz que Farouk prefere não falar sobre as acusações.
- Isso é propaganda negativa para ele. Seria levantar a poeira que está assentando, e ele quer recuperar a empresa - diz o advogado. - Aquela história foi um inferno na vida dele.
Mello Júnior sustenta que o cliente sempre negou qualquer ligação com o Hezbollah, nem teve coragem de se aproximar de outros presos na cadeia:
- Ele pode até ser um criminoso (por conta da condenação por tráfico), mas não é um vagabundo. Usa camisa Lacoste, frequenta restaurantes, fala outras línguas, é um homem comum que não ia se meter com preso de facção.
O advogado ainda alega que Farouk só foi denunciado porque uma mulher com quem manteve relacionamento o delatou às autoridades. A agência de viagens do libanês foi usada para emitir passagens internacionais para pessoas que, mais tarde, foram presas por envolvimento com narcotráfico. No processo, ele é citado como sendo responsável pela montagem de esquema de envio de "mulas", pessoas contratadas para levar drogas à Europa e à Jordânia. Mello Júnior sustenta que o cliente emitiu passagens, mas sempre negou ter ligação com remessa de cocaína ao exterior.
O filho Ahmad Omairi até hoje é considerado foragido da Justiça, e a defesa ainda conta que o crime dele pode prescrever porque, na época dos crimes, tinha menos de 21 anos.
- Ahmad está em outro país - diz o advogado.
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