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quarta-feira, 1 de abril de 2015

Há um ano internado, Guilherme Karan recebe a visita de amigos e se mantém lúcido

Guilherme Karan na novela 'América', seu último trabalho na TV Foto: TV Globo/Arquivo
Carol Marques

Há um ano internado no Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, Guilherme Karan mantém uma rotina povoada por lembranças. O ator de 57 anos segue em seu tratamento para a síndrome de Machado- Joseph, uma doença degenerativa, cercado de memórias.
Guilherme é mantido pelo pai, o almirante Alfredo Karan, em um apartamento dentro da unidade hospitalar, com tudo o que precisa. E por necessidade entenda-se sempre uma TV ligada. Há seis meses, o ator passou a aceitar a visita de alguns poucos amigos. Um ato de superação, dizem eles.
Entre estes amigos, está a atriz e diretora Tessy Callado, que andou capitaneando outros amigos do passado do ator. “Sou uma espécie de estandarte dessa história. Quando ele ainda estava na casa do pai, só eu podia subir para visitá-lo. E nossos encontros sempre foram de muita alegria. Jamais falamos sobre a doença dele”, conta ela, que da última vez em que esteve no hospital, há cerca de um mês, carregou a atriz Alice Borges: “Ele ficou tão feliz em vê-la, lembrou todos os espetáculos em que a viu, a primeira vez dela no palco. O que levamos para o Guilherme é a alegria de viver. Enquanto tanta gente está aí reclamando, existe alguém que luta para se manter feliz”.

Guilherme Karan com a diretora e amiga Tessy Callado
Guilherme Karan com a diretora e amiga Tessy Callado Foto: Reprodução
Tessy conta que Guilherme fala com dificuldade, mas consegue balbuciar as palavras e é ajudado pelo fiel escudeiro Claudio, que trabalha há anos com a família. “Conversamos em inglês muitas vezes”, diz ela: “O Guilherme continua antenadíssimo, sabe de tudo o que acontece no planeta”.
A lucidez é, para o pai do ator, quase um agravante. “A doença faz perder movimentos, deglutição, fala, mas a cabeça permanece lúcida. É de cortar o coração saber que meu filho percebe o que ocorre com seu corpo”, desabafa ele, que incentiva as visitas: “Ele fica muito feliz quando o filho dele, Gustavo, vem de Florianópolis para visitá-lo. Vejo a emoção nos olhos dele”.
Para Tessy, a dor de Guiherme foi maior ao ver a mãe e dois irmãos partirem por conta da mesma doença: “Foi um sofrimento enorme. Ele deu uma baqueadinha quando o último irmão morreu. Mas jamais demonstrou que a doença dele próprio era um problema. O Guilherme guarda aquela alegria que o Brasil todo conhece”.
Aos poucos, ela espera poder levar mais gente na sua caravana. Tony Tornado é um dos antigos colegas que estão nessa fila. “O Tornado grava tudo o que vai ao ar sobre o Karan, e manda o DVD para ele. Tentou vê-lo várias vezes, mas ele não deixava”, observa.
Guilherme é dependente do pai, mas recebe um salário da TV Globo, onde trabalhou até fazer “América”, há dez anos. “É pelo reconhecimento do trabalho dele, de tudo o que ele fez lá”, avalia o pai: “Eu conto com Deus e minha fé. Tudo o que não queria é que meus filhos sofressem. Mas essa doença é minha sina”.

Karan com a amiga, a autora Gloria Perez
Karan com a amiga, a autora Gloria Perez Foto: Arquivo/Extra

Entenda o caso
Guilherme herdou a doença da mãe, que repassou também aos outros três filhos. Dois morrerem, além da mãe, e uma irmã de Karan se mantém em uma cadeira de rodas.
A síndrome de Machado-Joseph é uma doença autossômica dominante, o que significa que ela é genética e hereditária, podendo ser transmitida pelo pai ou mãe. A doença é causada por uma mutação no gene do cromossomo 14, que gera uma proteína anormal (a ataxina 3) que se acumula dentro de algumas células do cérebro.
O diagnóstico é feito através de uma conversa com o paciente, onde é verificado se existe algum histórico da doença na família. Pode-se também realizar um teste genético para verificar a existência da síndrome. O tratamento é paliativo, ou seja, apesar de pesquisas, ainda não encontraram uma vacina ou tratamento que extermine a doença.

Guilherme Karan no 'TV Pirata'
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Longe da TV e dos olhos do público desde 2005, quando fez parte do elenco da novela "América", Guilherme Karam tem vivido os últimos meses isolado em sua casa, na Barra, numa cadeira de rodas. O ator, de 55 anos, dono de papéis memoráveis na televisão, sofre de uma doença degenerativa, uma síndrome neurológica chamada Machado-Joseph, que compromete a capacidade motora do paciente. "Ele herdou da mãe. Perdi um filho com a mesma doença. Guilherme fica na cadeira de rodas o tempo todo. Tem horas que ele está lúcido e tem horas que não", diz seu pai, Alfredo.
Especialista explica o que é doença Machado-Joseph

Guilherme Karam, que também sofre de problemas na coluna, vive sob os cuidados de dois enfermeiros, e recebe, três vezes por semana, a visita de um fisioterapeuta. É o máximo de contato que tem com o mundo externo. Deprimido, não quer receber visitas. À amiga e autora Gloria Perez, ele pediu que não o visitasse mais. Karam prefere não ver mais TV e nada que lembre seu passado. "Ele não quer falar com ninguém. Está deprimido. E é um ponto de vista que temos que respeitar. Eu, como pai, compreendo e dou toda a assistência que posso", conta Alfredo.
Apesar da depressão, a família continua acreditando na recuperação e no retorno do ator ao trabalho: "As pesquisas continuam. Quem sabe não descobrem um antídoto para que ele possa voltar ao que era antes. Ele fica muito triste, era um homem alegre e acabou perdendo a alegria de viver".
Fonte: http://extra.globo.com/http://saladeestado.blogspot.com.br/

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