20 de janeiro é o Dia Nacional do Fusca
O FUSCA FARDADO – O CARRO POPULAR DE ADOLF HITLER
Festa Nazista e o “Carro do Povo” – Fonte – Time/Life |
A Kraft durch Freude , que pode ser traduzido como “Força pela Alegria”,
a organização para os tempos livres da DAF – Deutsche Arbeitsfront, a
Frente Alemã do Trabalho, a grande organização corporativa do regime
nazista, foi quem mandou construir a fábrica de Wolfsburg, onde foi
produzido o “carro do povo”.
Tudo começou em 1934 quando o ditador Adolf Hitler encomendou ao
engenheiro austríaco Ferdinand Porsche o desenvolvimento de um pequeno
automóvel “para o povo”.
Porsche tinha sido diretor técnico da empresa Daimler-Benz, mas no
começo dos anos 1930 tinha-se estabelecido por conta própria como
designer de automóveis de competição, em Stutgart, no sul da Alemanha.
Um dos seus projetos era o de desenvolver um carro pequeno que fosse, ao
mesmo tempo, barato e económico; um «carro popular», que em alemão se
dizia Volkswagen.
O primeiro estudo foi realizado em 1931 para a fabricante de
motocicletas Zundapp, também conhecida como Zünder- und
Apparatebaugesellschaft. O protótipo, com o nome de tipo 12, foi
produzido no ano seguinte, mas logo foi abandonado. Em 1932, este
projeto foi reaproveitado por outra fabricante de motocicletas, a NSU
Motorenwerke AG, mas também acabou por ser abandonado.
Porsche apresentando a Hitler seu projeto |
Em 1933, Hitler abordou Porsche, que conhecia desde 1924, sobre a
realização de um carro popular e pediu-lhe a apresentação de projetos.
Porsche, entre outros, apresentou um trabalho com base numa plataforma
com suspensão dianteira e traseira com barras de torção, com um motor de
4 cilindros, refrigerado a ar. A carroçaria baseava-se no carro
Tropfenwagen, desenvolvido pelo austríaco Edmund Rumpler, um veículo em
forma de gota de água. Foi este projeto que Hitler apoiou em 1934, e que
foi formalmente contratado com a Reichverband der Automobilindustrie
(RDA), a associação industrial da indústria automotiva.
O carro que foi encomendado tinha que ter como características um motor
traseiro de 986 cilindradas, 26 cavalos, uma velocidade máxima de 100
km/hora, não pesar mais de 650 kg, ser refrigerado a ar, e consumir sete
litros de gasolina a cada cem quilômetros. Imitando a solução
encontrada pela Ford, com o seu modelo T, o Volkswagen, também só seria
fabricado numa única cor – um azul escuro acinzentado, quase preto.
Certamente uma cor bem ao estilo da política alemã da época.
Hitler conhecendo os primeiros protótipos – Fonte – Time/Life |
Os primeiros protótipos foram terminados em fins de 1935, sendo
batizados com o código VW1 e VW2. Os primeiros ensaios em estrada foram
realizados de Outubro a Dezembro de 1936, com base em três protótipos, e
depois de estes serem analisados por uma comissão de admissão à
produção, composta por representantes de todos os construtores de
automóveis alemães, o projeto foi aceito.
Em 1937 e 1938 foram fabricados à mão, pela Mercedes-Benz, por ordem
expressa de Hitler, duas séries de protótipos, conhecidos pelo nome de
VW38. Uma primeira série de 30 e posteriormente uma nova série de 60
unidades, que realizaram ensaios de avaliação em grande escala.
Foi em 1938 que se decidiu construir uma fábrica para produção dos
Volkswagen. O local escolhido foi a propriedade do conde von
Schulenburg, o castelo de Wolfsburg, em Fallersleben na Baixa-Saxónia, a
80 km da cidade de Hanover.
A empresa que iria produzir o novo carro foi registada, em 28 de Maio de
1938, com o nome Gesellschaft zur Vorbereitung des Volkswagens
(GEZUVOR) – Companhia para o desenvolvimento do Volkswagen, que foi
mudado para Volkswagenwerk GmbH em outubro seguinte.
A
fábrica foi lançada por Hitler em 26 de Maio de 1938, sendo aí
apresentados os protótipos definitivos. O New York Times de 3 de Julho
descrevia-o ironicamente dando-lhe o nome de «Beetle» – Besouro. A sua
apresentação ao grande público ocorreu no Salão Automóvel de Berlim de
1939, com o nome de Kdf Wagen – o Carro Força pela Alegria ! Ao mesmo
tempo em que se construía a fábrica para a produção do carrinho,
criava-se uma cidade que teve o nome provisório de Stadt des KdF-Wagens –
Cidade do carro Força pela Alegria.
O preço estabelecido foi de 990 Reich Mark’s, mais 200 marcos para o
pagamento dos seguros, num total de quase 1.200 marcos, fantasticamente
divididos em pagamentos semanais de 5 marcos. O contrato previa a
possibilidade de rescisão, mas a empresa seria indemnizada com 20% do
capital pago, não se obrigando a um prazo de entrega, mesmo que o carro
já tivesse sido pago.
Em finais de 1938 havia 150.000 contratos realizados, que chegaram, em
Novembro de 1940, aos 300.000, mas nenhum “Volkswagen” foi entregue a
particulares. Entre Maio de 1938 e Setembro de 1939 foram fabricados, à
mão, 215 exemplares, sendo que o primeiro destinado à venda saiu da
fábrica em 15 de Agosto de 1939. Estes exemplares foram todos entregues a
dignitários nazistas.
A produção em série só começou em Julho de 1941, sendo produzidos ao
todo 41 modelos, basicamente militares. Quando em Agosto de 1944 a
fábrica foi integrada na indústria de armamento alemã, sobretudo para
produzir os foguetes V1, e a produção dos KdF-Wagen foi terminada,
tinham sido produzidos, ao todo, 630 exemplares.
O primeiro modelo militar, construído na fábrica da Kdf, foi um carro
para oficiais, com tração nas quatro rodas e um chassi mais elevado, que
teve o nome de Kommandeurwagen e foram construídos 667 exemplares. O
modelo tinha boas qualidades em todo-o-terreno, mas o seu desempenho na
estrada era ruim pela falta de tração. Foi o carro que voltou a ser
fabricado em 1946, quando a fábrica, destruído durante a guerra, voltou a
produzir novamente.
Um Kommandeurwagen preservado |
O Kübelwagen, o modelo seguinte teve muito mais sucesso, tendo sido
produzidos 50.788 exemplares. Foi, de fato, o Jeep alemão. Devido o
motor refrigerado a ar, podia ser usado em qualquer região do mundo,
tanto no Ártico como no Norte de África.
Em 1944 o motor de 984 cilindradas foi substituído por um de 1.131, o
mesmo motor que será usado nos primeiros Volkswagen produzido no
pós-guerra. Este modelo voltou a ser produzido nos anos 60, tanto numa
versão militar, como numa civil, sendo conhecido nos Estados Unidos por
“The Thing” – A Coisa!
O Kübelwagen, o “Jeep” alemão |
A outra versão militar, e a última, produzida durante a Segunda Guerra
Mundial foi o Schwimmwagen. Veículo anfíbio produzido a partir de 1942,
com uma carroçaria completamente estanque, o Schwimmwagen era um bom
veículo de reconhecimento e era tracionado para todo terreno.
O Schwimmwagen, usando o motor de 1.131 cilindradas que será utilizado
depois no Kubelwagen, foi fabricado até 1944, tendo sido produzidos
14.283 veículos.
Um Schwimmwagen pronto para o combate |
No fim da 2.ª Guerra Mundial a Volkswagenwerk estava destruída. Quando
os soldados da 102.ª divisão de infantaria do exército americano
avistaram a fábrica e a cidade da Volkswagen, em 11 de Abril de 1945,
desconheciam a sua existência porque a localidade não vinha representada
em nenhum mapa. Entretanto, as máquinas para produção dos automóveis
estavam intactas, e havia material armazenado que permitia o recomeço da
produção.
Mais tarde, com a divisão da Alemanha em quatro zonas de ocupação, a
cidade passou a ser responsabilidade do exército britânico. Foi
encarregado de reativar a fábrica o major Ivan Hirst, do Corpo de
Engenheiros do exército britânico, pois carros pequenos eram necessários
para as forças de ocupação britânicas.
Nos primeiros tempos a fábrica serviu para reparação de Jeeps do
exército britânico, e produção de motores. Logo dois KdF-Wagens foram
montados à mão, para uso do Quartel General do exército britânico. Os
britânicos fizeram uma encomenda de 20.000 automóveis à Volkswagen e até
ao fim de 1945 foram produzidos 1.785 automóveis, e no ano seguinte
chegou-se aos 10.000 veículos. O preço unitário era de 5.000 marcos,
sendo entregues à Comissão aliada de Controle da Alemanha, e
distribuídos aos Correios, à Cruz Vermelha e a outras instituições
nascentes no país em reconstrução. Não foram vendidos exemplares a
particulares.
No dia 2 de Janeiro de 1948 o exército britânico entregou a Heinz
Heinrich Nordhoff, um antigo engenheiro da empresa Opel, a direção da
fábrica. Em 1949 os Aliados entregaram o controle dos bens públicos do
estado alemão ao governo federal, entre estes a fábrica da Volkswagen.
Apesar de tudo que havia ocorrido, a empresa entregue à Alemanha era uma
empresa de sucesso. Empregava quase 10.000 pessoas, produziria até ao
fim de 1949 46.154 veículos, dos quais 23% seriam exportados para nove
países. Uma produção que aumentava rapidamente. O Volkswagen era o carro
mais vendido na Alemanha, tendo 50% do mercado. A empresa estava a
criar uma rede de vendas e de serviço na Alemanha e no estrangeiro, e
tinha inovado ao criar um seguro especificamente para os compradores de
Volkswagens.
Logo estes veículos cruzariam a linha do equador e desembarcariam em um
grande país tropical, onde seriam eternamente conhecidos como “Fusca”.
Baseado em texto encontrado no site – http://www.arqnet.pt
TOK DE HISTÓRIA/montedo.com/http://saladeestado.blogspot.com.br/
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