Mais um mistério envolvendo o desaparecimento de toneladas de aço ronda o Rio de Janeiro. Um relatório concluído no mês passado por técnicos da Secretaria de Transportes do governo revela que um lote de cinquenta e quatro carros de trens antigos – substituídos por novos – não foi encontrado no patrimônio do próprio estado ou da Supervia, concessionária responsável pela malha ferroviária fluminense. Quando um vagão é trocado, o contrato de concessão prevê um leilão da composição e o repasse do dinheiro arrecadado para os cofres públicos. É o segundo caso deste tipo que vem à tona em menos de um ano – em outubro, sumiram sem qualquer explicação seis vigas de aço que eram do elevado do Perimetral, demolido para a revitalização da Zona Portuária da cidade.
A venda de vagões velhos poderia ser revertido em uma bolada para o governo fluminense. Para ilustrar o prejuízo, o documento feito por quatro técnicos da Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (Central) relembra um leilão feito em 2005 de 83 carros que levantou 60,3 milhões de reais. Os vagões que sumiram, segundo o relatório, são da série 800 e entraram em circulação comercial entre 1980 e 1984. Os carros foram trocados por novos entre os governos de Rosinha Garotinho e Sérgio Cabral.
Em meio a colisões de trens, agressões a passageiros e problemas operacionais, a Supervia foi agraciada com uma série de benefícios durante o mandato de Cabral. Há quatro anos, o governo do Rio renovou a concessão para a operação do sistema ferroviário até 2048. Além disso, a empresa ganhou sem licitação o direito de explorar o teleférico do Complexo do Alemão – que gera um lucro de 13 milhões de reais ao ano. As boas relações entre Supervia e o governo coincidiram com a contratação de Adriana Ancelmo, esposa de Sérgio Cabral, para advogar pela concessionária em causas trabalhistas.
Procurados, o governo do Rio de Janeiro e a Supervia deram respostas evasivas aos questionamentos do relatório. A concessionária informa que “todos os bens patrimoniais recebidos pela concessionária estão regularizados”. Já a assessoria do governo, depois de dois dias, não deu nenhuma explicação para as denúncias do relatório produzido pelos seus técnicos. Enquanto ninguém esclarece nada, resta acreditar que uma espécie de mágico do aço está atuando no Rio de Janeiro desaparecendo com vigas e trens.
Fonte Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário