Hinos

domingo, 26 de outubro de 2014

A PANTOMIMA ELEITORAL BRASILEIRA.

No mês de junho de 2008, na pequena cidade de Pau D’arco do Piaui, a 70 km de Teresina, cidade com 3713 habitantes, mais um exemplo do circo da política brasileira. A vereadora Carmem Lucia Portela Santos( PSB) tomou posse como vereadora com apenas 1 voto. O vereador Miguel Nascimento ( PP) foi cassado pelo TSE e o próximo da lista, senhor Reginaldo Santos, morreu num acidente de carro. A senhora Carmem então assumiu legalmente seu cargo legislativo. Observem que esse caso é um dentre milhares que exemplificam a paródia representativa política no Brasil. Uma pessoa assumir cargo político com 1 voto ( na cidade dizem que nem a vereadora votou nela mesma, esse voto seria de algum transeunte que errou o número). É o cúmulo do absurdo que mostra o quanto esse sistema político eleitoral brasileiro é uma piada de mau gosto.

             O que deve ficar bem claro para todos é que a vereadora assumiu o cargo dentro da lei. E que Lei é essa que exige representatividade popular para eleger representantes do povo e deixa pessoas com 1 voto como representantes?? Em vários estados da Nação partidos de “ esquerda” aliam-se a partidos de “ direita” com vistas ao poder municipal e seus recursos financeiros. Os outrora inimigos petistas e peemedebistas se aliam com comunistas e liberais numa chapa de fazer inveja a qualquer movimento multicolorido atual. Qual a ideologia desses partidos?? Como os órgãos governamentais querem exigir fidelidade partidária dos políticos se os partidos não sabem nem mesmo o que é ideologia?? Os partidos políticos por acaso são empresas montadas para saquearem os recursos do Estado??

              O que está na verdade errado não é meramente essas bizarrices que mostram que vários candidatos são eleitos com muito menos votos que outros, numa pantomima que indica que a esperteza matemática do coeficiente eleitoral é que determina os destinos da Nação. O que está errado é esse sistema tripartite de poderes que colocam o Legislativo e o Executivo como presas fáceis dos partidos espertalhões, e o Judiciário por sua vez, refém das atitudes dos legisladores eleitos e dos governantes corruptos, que devem favores aos grupos financeiros que os elegeram. E como já dissemos várias vezes essas aberrações inomináveis chamadas de partidos políticos cumprem apenas as ordens dos verdadeiros governantes do Brasil. E quem são esses governantes?? O Presidente, o Congresso Nacional, os Juizes, o povo?? Não!! Os verdadeiros governantes do Brasil desde a Revolução Francesa estão sentados em suas confortáveis cadeiras na City de Londres e na Wall Street de Nova York, os banqueiros multimilionários que dominam os partidecos de esquerda e de direita, e ditam aos mambembes o que fazer, depois desses mambembes serem eleitos nessas falcatruas e nessa jogada de “ voto universal”. È o sistema que está errado, e não os acontecimentos que advém desse sistema podre de Democracia Liberal e partidos políticos controlados. A invenção desse tal de Coeficiente Eleitoral( votos válidos dividido pelo número de votantes) é trágico e infame, e só vem a beneficiar os grandes partidos e por conseguinte os interesses do Grande Capital Financeiro Internacional, que são os verdadeiros governantes do Brasil. È esse o erro crasso que devemos evitar.
Como dizia o grande jurista Miguel Reale, já na década de 30, no seu primeiro livro de 1934, O Estado Moderno: “... O Estado democrático liberal nega-se assim no campo político, como já se negara no jurídico e no econômico, pois, como diz Azevedo Amaral, as próprias reformas realizadas sob a influência política partidária vieram, pouco a pouco, criando condições que acabaram por tornar insustentáveis as formas políticas de democracia liberal. Interesses agrários, interesses industriais, interesses comerciais e bancários formavam as bases lógicas dos partidos, em cada um dos quais um estado maior consciente dirigia deliberadamente os movimentos partidários, apoiado na força eleitoral de uma multidão eleitoral de votantes, que nenhuma vantagem podia auferir das suas vitórias nas urnas, e que, na imensa maioria dos casos, não se achava mesmo em condições de apreender a inutilidade do exercício da prerrogativa cívica...”

              Enquanto não se mudarem essas formas de eleições com partidos a serviços de interesses alienígenas financeiros, enquanto não se implodir essa mentira de voto universal, enquanto não se desmascarar essa falsa representatividade dos políticos e das urnas eletrônicas viciadas( piores do que as antigas urnas), teremos esses festivais de sandices, com vereadores e deputados e prefeitos eleitos com 1 voto ou sem voto. Enquanto não se implantar no Brasil a Democracia Orgânica, baseada não em partidos políticos mas em associações de classes e interesses coletivos, além do voto distrital, seremos expectadores de fatos mixórdios como o de Pau D’arco do Piaui. E olha que há pouco tempo, um macaco do zoológico do Rio de Janeiro, o conhecido macaco Tião, teve em 1988 mais de 350000 votos para eleição de Prefeito, sendo derrotado apenas por Marcelo Alencar. Seguindo a lógica do positivismo jurídico e do cumprimento das leis, por que o Macaco não teve direito de representatividade também??


CÁSSIO GUILHERME



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