O jornal O Globo, dos irmãos Roberto Irineu, João
Roberto e José Roberto Marinho, assumiu sua posição em relação à
Petrobras, em editorial publicado nesta terça; a família midiática mais
rica do mundo e mais poderosa do Brasil quer a abertura do pré-sal a
empresas estrangeiras e questiona a capacidade da Petrobras de tirar o
petróleo do fundo do mar; "Se a Petrobras, em condições normais, já
tinha dificuldades para tocar esse plano de pedigree 'Brasil Grande',
agora é incapaz de mantê-lo. Não tem caixa nem crédito para isso. Não há
como sustentar o modelo", diz o texto; Globo questiona também o
manifesto de intelectuais, assinado por nomes como Fabio Konder
Comparato, Marilena Chauí, Cândido Mendes, Celso Amorim, João Pedro
Stédile, Leonardo Boff, Luiz Pinguelli Rosa e Maria da Conceição
Tavares, que defende a estatal
24 de Fevereiro de 2015 às 06:15
247 - O manifesto dos intelectuais em defesa da Petrobras e contra o golpe em marcha no País (leia aqui) irritou os irmãos Marinho, que controlam o jornal O Globo.
Segundo o jornal, o manifesto é
apenas uma operação política para esvaziar a CPI da Petrobras. Em
editorial publicado nesta terça, os Marinho, que, com US$ 21 bilhões de
patrimônio, são a família midiática mais rica do mundo e mais poderosa
do País, defendem a abertura do pré-sal a firmas estrangeiras.
O Globo também questiona a
capacidade da Petrobras. "Se a Petrobras, em condições normais, já tinha
dificuldades para tocar esse plano de pedigree 'Brasil Grande', agora é
incapaz de mantê-lo. Não tem caixa nem crédito para isso. Não há como
sustentar o modelo", diz o texto.
Dias atrás, uma funcionária da
Petrobras, Michelle Daher Vieira, publicou uma carta aberta ao Globo,
apontando as reais motivações do Globo na campanha negativa contra a
Petrobras (leia aqui).
Confira, abaixo, o editorial do Globo:
Manipulação política em torno da Petrobras
PT ressuscita discurso da
década de 50, quando o petróleo era ‘nosso’, mas continuava debaixo da
terra. Agora, sem mudança de modelo, ele ficará no fundo do mar
O direito a espernear, o jus sperniandi, é
livre. Diante de fatos consumados, a parte contrariada por uma decisão
judicial consistente não deixa de reclamar. Aplicado à política, porém, o
princípio do esperneio pode levar a situações bizarras e até mesmo a
tensões desnecessárias.
Os desdobramentos do petrolão, já
configurado como o maior caso de corrupção de que se tem notícia na
história brasileira, vão por esse caminho, devido à estratégia de defesa
do PT.
Era esperado que o partido reagisse.
Afinal, sofre avarias proporcionais à dimensão da roubalheira. Também
não surpreende que volte a empregar o truque usado no mensalão do que
“todos fazem”. No atual escândalo, o partido usa trecho do depoimento do
ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, no qual ele confessa ter
recebido propina desde 1997, para com isso identificar no governo tucano
de FH a origem de todo o mal. Tese sintomaticamente adotada pela
presidente Dilma.
Cabe registrar que também é parte do
mesmo testemunho de Barusco a revelação de que o PT teria levado, desde
2003, entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões de propinas garimpadas em
negócios na Petrobras. Dessas enormes cifras, o tesoureiro do partido,
João Vaccari Neto, ficara responsável pela coleta de parcela
considerável.
Ansioso para sair do imobilismo
catatônico de que foi vítima, na sucessão de revelações graves feitas no
petrolão, o partido já se prepara para pedir à nova CPI da Petrobras
que investigue esta denúncia. Ora, não se duvida que a corrupção na
Petrobras tem longa história, mas nunca se soube de um esquema
institucionalizado, vinculado ao partido no poder, e de escala
industrial, como o petrolão.
Outra manobra em curso é traçar um
cenário pré-64, algo delirante, e colocar no centro dele a Petrobras
como vítima de entreguistas, interessados em aproveitar o escândalo para
surrupiar as reservas de pré-sal do país. A ponta visível dessa
operação política é o manifesto de um grupo de intelectuais redigido
para denunciar a “campanha para esvaziar a Petrobras”, e “entregar o
pré-sal às empresas estrangeiras, restabelecendo o regime de concessão.”
Lembre-se que a descoberta do
pré-sal foi usada para se instituir o modelo de partilha, o monopólio da
estatal sobre a operação na área, conceder-lhe compulsoriamente 30% dos
consórcios e estruturar-se um megalomaníaco programa de substituição de
importações de equipamentos, também usado pela indústria de propinas do
petrolão. Se a Petrobras, em condições normais, já tinha dificuldades
para tocar esse plano de pedigree “Brasil Grande”, agora é incapaz de
mantê-lo. Não tem caixa nem crédito para isso. Não há como sustentar o
modelo.
O PT, ao reagir ao petrolão,
ressuscita um discurso da década de 50 e recoloca o Brasil na situação
de antes da assinatura dos contratos de risco, no governo Geisel: o
petróleo era “nosso”, mas continuava debaixo da terra. Agora, do mar.
Fonte: http://www.brasil247.com/http://saladeestado.blogspot.com.br/
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