Em diferentes regiões do globo, uma força
militar de aproximadamente 80 mil capacetes azuis, liderados
pelo Departamento de Operações de Manutenção da Paz das Nações
Unidas (DPKO), atua para resolver conflitos da melhor forma possível:
por vias pacíficas. Cerca de 2.400 brasileiros da Marinha, do Exército e
da Força Aérea Brasileira contribuem para essa missão, participando de
operações de paz sob a égide da Organização das Nações Unidas (ONU).
O Brasil participa das missões de paz da
ONU desde 1947, quando observadores militares brasileiros foram enviados
à região dos Bálcãs, na porção meridional da Europa. O primeiro envio
de tropas a um país estrangeiro aconteceu 10 anos depois, com a
participação na Força de Emergência das Nações Unidas do Batalhão Suez,
criada para evitar conflitos entre egípcios e israelenses.
Foi só recentemente, no entanto, que o
Brasil assumiu tarefas de coordenação e comando militar de importantes
operações, como no Haiti (2004) e no Líbano (2011), o que trouxe
prestígio à política externa do país, aumentando a projeção brasileira
no cenário mundial.
Ao
todo, o Brasil já participou de mais de 30 missões das Nações Unidas,
tendo enviado cerca de 27 mil militares ao exterior. Atualmente, 1.743
militares brasileiros das três Forças participam de nove missões de paz
ao redor do mundo (ver mapa acima).
Em duas delas, o Brasil ocupa posições de
destaque, liderando o componente militar da Missão das Nações Unidas
para a Estabilização do Haiti (Minustah) e o braço marítimo do comando
da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil).
Em 2010, o país passou a contar com
o Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil – Centro Sérgio Vieira
de Mello (CCOPAB), localizado na Vila Militar, na cidade do Rio de
Janeiro, um estabelecimento voltado à preparação de militares,
brasileiros e estrangeiros, que irão compor as missões de paz das Nações
Unidas.
Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB)
O Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil
(CCOPAB) foi criado em 2010, a partir da estrutura do extinto Centro de
Instrução de Operações de Paz (CIOpPaz) do Exército Brasileiro, que
funcionava desde 2001, no Rio de Janeiro.
Também designado Centro Sérgio Vieira de
Mello – em homenagem ao diplomata brasileiro morto em serviço no Iraque,
em 2003 –, o Centro especializou-se na preparação e orientação de
militares brasileiros designados para operar em missões de paz e
humanitárias sob a égide da Organização das Nações Unidas (ONU).
Atualmente, um número cada vez maior de
estrangeiros também tem recebido treinamento na instituição. Militares
de países como Argentina, Chile, Estados Unidos, França e Canadá, entre
outros, já passaram pelo CCOPAB, que tem ampliado seu prestígio como
instituição apta a preparar efetivos para atuar em operações de
paz. Além de cursos, estágios e exercícios avançados voltados a
profissionais militares, O CCOPB oferece programas voltados ao público
civil – como o Estágio de Preparação para Assessores de Imprensa em
Áreas de Conflito.
O Brasil na Minustah (Haiti)
A Missão das Nações
Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah) foi criada por Resolução
do Conselho de Segurança da ONU, em fevereiro 2004, para restabelecer a
segurança e normalidade institucional do país após sucessivos episódios
de turbulência política e violência, que culminaram com a partida do
então presidente, Jean Bertrand Aristide, para o exílio.
O Brasil comanda as forças de paz no
Haiti, que tem a participação de tropas de outros 15 países, mantendo na
ilha um efetivo que varia entre dois mil quatro capacetes azuis
da Marinha, do Exército e da Força Aérea. A participação dos militares
brasileiros é reconhecida pelo povo haitiano e por autoridades
internacionais pela desenvoltura com que combinam funções militares,
como o patrulhamento, com atividades sociais e de cunho humanitário.
A presença da Minustah assegurou a
realização de eleições presidenciais em 2006 e 2010, com passagem
pacífica do poder. A missão da ONU também atuou no esforço de
reconstrução do Haiti após o terremoto devastador de janeiro de 2010.
Em coordenação com a ONU e com os países
da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) que integram a Missão, o
Brasil projeta a retirada gradual de suas tropas, à medida que o governo
haitiano demonstre disposição e capacidade de garantir a segurança do
país. Veja o vídeo sobre a presença das Forças Armadas no Haiti (Clique aqui).
O Brasil na Unifil (Líbano)
As Forças Armadas brasileiras estão desde
2011 no comando da missão de paz da Força-Tarefa Marítima (FTM)
da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil). A Marinha do
Brasil mantém uma fragata na costa libanesa com o objetivo de impedir a
entrada de armas ilegais e contrabandos no país árabe.
Além disso, a Força Naval – que pela
primeira vez comanda uma missão de paz da ONU – tem a incumbência de
colaborar com o treinamento do pessoal da Marinha libanesa. Criada em
1978 para estabilizar a região meridional libanesa durante a retirada de
tropas israelenses da área, a Unifil foi reativada em 2006 após as
hostilidades entre as Forças de Israel e o grupo xiita Hezbollah.
A embarcação brasileira que hoje atua
como navio-capitânia da FTM/Unifil é a fragata Constituição. O navio
atracou no porto de Beirute em agosto de 2014, em substituição à fragata
Liberal. No final de fevereiro, ela será substituída pela fragata
União (F45), composta por 260 homens. O atual comandante da FTM-UNIFIL é
o contra-almirante Walter Eduardo Bombarda.
Troca de experiências
O Oriente Médio é uma região de conflitos
históricos, mas Líbano e Brasil têm fortalecido suas relações a partir
da troca de experiências profissionais. Durante a missão, militares
brasileiros também procuram contribuir para a formação e o adestramento
da Marinha libanesa, que ainda está em fase de desenvolvimento de
procedimentos e doutrinas.
O intercâmbio militar envolve também
atuação integrada com embarcações de outros países, como Alemanha,
Grécia, Turquia Bangladesh e Indonésia. Ao longo da missão, esses navios
operam em áreas e subáreas no litoral do Líbano, cada qual com um
perímetro de responsabilidade pré-definido.
Fonte: http://www.revistaoperacional.com.br/http://saladeestado.blogspot.com.br/
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