Agência Estado
Capitão de Mar-e-Guerra Sérgio Luiz Zorowich ( |
São Paulo, 20 - O capitão da reserva da Marinha Sérgio Luiz
Zorowich, um dos líderes dos protestos que pedem uma intervenção militar
no Brasil, foi intimado para depor em um inquérito da Polícia Federal
que, segundo ele, tem como objetivo enquadrar os defensores da volta do
regime militar na Lei de Segurança Nacional. Zorowich, que mora em
Santos, recebeu a intimação há cerca de dois meses para depor na semana
que vem.
O depoimento faz parte do inquérito 0161/15-4 instaurado pela Polícia
Federal. A intimação não especifica o motivo da investigação.
Segundo ele, sua advogada apurou junto à PF que o objetivo é enquadrar
defensores da intervenção militar no artigo 23 da Lei de Segurança
Nacional, que prevê pena de um a quatro anos de detenção para quem
incitar "subversão da ordem política ou social" ou "animosidade entre as
Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as instituições
civis".
Procurada por meio da assessoria de imprensa, a PF não negou as
afirmações de Zorowich e se limitou a dizer que não comenta
investigações em andamento.
Dono de empresas que prestavam serviços à Petrobras e acabaram falindo,
Zorowich concentra sua atuação nas redes sociais, onde tem milhares de
seguidores e publica mensagens nas quais pede a ação imediata das Forças
Armadas pata depor o governo do PT e chega a vincular a presidente
Dilma Rousseff a grupos criminosos como o PCC ou terroristas como o
Estado Islâmico. Para ele e seus seguidores, a tese do impeachment
defendida por partidos de oposição é muito leve.
Em uma destas mensagens, em referência à Operação Lava Jato, escreveu:
"que indiciamento que nada, vamos derrubar o governo pela força das
massas e com apoio dos quartéis".
Indagado se as postagens não se enquadram no incitamento proibido pela
lei, Zorowich respondeu: "não deixa de ser, não vou desmentir".
A Lei de Segurança Nacional foi criada durante a ditadura militar
(1964-1985) para dar cobertura legal às ações das forças de repressão
que investigavam, prendiam e torturavam integrantes de grupos contrários
ao regime. A própria Dilma foi enquadrada na Lei de Segurança Nacional
ao ser presa em São Paulo em 1970, quando militava no grupo armado
VAR-Palmares.
"Não deixa de ser uma ironia que eu, defensor da intervenção militar,
seja enquadrado em uma lei criada durante o regime", disse Zorowich.
ESTADO de MINAS/montedo.com
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