A pedido de dirigentes petistas, agentes da ABIN teriam, nos últimos seis meses, espionado o presidente Michel Temer, o juiz Sérgio Moro e o ministro Barroso, do STF
Mário Simas Filho
Tanto no Palácio do Planalto como entre
ministros do Supremo Tribunal Federal existe a certeza de que nos
últimos seis meses agentes da ABIN, a Agência Brasileira de
Inteligência, teriam espionado o presidente Michel Temer, líderes do
PMDB, o juiz Sérgio Moro e até ministros do STF. A descoberta, há cerca
de duas semanas, de um grampo ambiental instalado sob a mesa do gabinete
do ministro Luís Roberto Barroso confirmou as suspeitas que a equipe do
presidente Michel Temer e membros da força tarefa da operação Lava Jato
têm desde dezembro.
“Foi a ABIN que grampeou o gabinete do ministro”, revelou a dois
senadores o tenente coronel André Soares, ex-agente da Abin ainda lotado
na Presidência da República. No final de março, uma empresa internacional
de informações que atua no Brasil há mais de dez anos foi contratada
para varreduras e detectou a arapongagem. Os espiões, segundo o
levantamento feito pela empresa, seriam agentes da Abin trabalhando a
pedido do ex-ministro Ricardo Berzoini, a quem a agência se reportava desde outubro do ano, por determinação da presidente afastada, Dilma Rousseff.
Os episódios de bisbilhotagem descobertos a partir de dezembro foram
tratados com absoluta discrição pelos auxiliares de Temer e pela equipe
de segurança do STF e se mostraram determinantes para o presidente
recriar o GSI (Gabinete de Segurança Institucional). A equipe de Temer
acredita que sob a tutela do General-de-Exército Sérgio Etchegoyen a
ABIN possa ser melhor controlada.
Duas semanas antes do Natal os responsáveis pela segurança de Temer
passaram a estranhar a presença de “fotógrafos” postados nos limites do
Palácio do Jaburu, de onde poderiam registrar todas as visitas recebidas
pelo então vice-presidente. Na mesma época, Temer passou a estranhar
algumas interferências em suas ligações telefônicas e comentou o fato
com pelo menos dois líderes do PMDB muito próximos a ele. Surpresos, os
dois disseram estar com o mesmo problema.
Diante disso foi contratada a empresa internacional de inteligência.
Sessenta dias depois, membros da operação Lava Jato, que pedem para não
ter os nomes revelados, receberam informações anônimas denunciando
espionagem sobre o juiz Sérgio Moro. O fato teria se confirmado, pois,
segundo agentes da Polícia Federal ouvidos por ISTOÉ, o ex-presidente
Lula teria sabido com antecedência que seria obrigado a depor
coercitivamente e também soube de que sua conversa com Dilma sobre a
frustrada nomeação para a chefia da Casa Civil havia sido gravada.
Moro teria tornado pública as gravações a
partir do momento em que tomou conhecimento de que pudesse estar sendo
monitorado pela ABIN. Finalmente, no mês passado, a partir de
investigação sigilosa feita pela Polícia Civil de São Paulo foi
comprovado que o computador pessoal de Marcela Temer, mulher do
presidente, havia sido invadido por hackers.
Oficialmente, a varredura feita há duas semanas pela Secretaria de Segurança do STF no gabinete de Barroso foi uma ação rotineira. Na verdade, porém, todos os gabinetes do Supremo foram vistoriados depois que três ministros receberam informações de que seriam alvos de bisbilhoteiros. “Temos quase certeza de que o pessoal da ABIN está envolvido nisso. Por isso não encaminhamos para lá nenhuma investigação”, disse à ISTOÉ um dos agentes de segurança do STF na noite da quinta-feira, 19 MAIO 2016. “Do ponto de vista institucional, é gravíssimo alguém ter a ousadia de colocar um grampo num gabinete do Supremo. É uma desfaçatez absoluta”, afirmou Barroso, responsável pela gestão das penas dos responsáveis pelo Mensalão.
Diante dessas constatações, na semana passada o diretor da ABIN, Wilson Trezza acertou sua saída do cargo que ocupa há oito anos. A tendência é a de que ele continue no posto até o final das Olimpíadas, tempo suficiente para que o governo Temer escolha um sucessor, que precisará ser sabatinado pelo Senado antes de assumir.
Oficialmente, a varredura feita há duas semanas pela Secretaria de Segurança do STF no gabinete de Barroso foi uma ação rotineira. Na verdade, porém, todos os gabinetes do Supremo foram vistoriados depois que três ministros receberam informações de que seriam alvos de bisbilhoteiros. “Temos quase certeza de que o pessoal da ABIN está envolvido nisso. Por isso não encaminhamos para lá nenhuma investigação”, disse à ISTOÉ um dos agentes de segurança do STF na noite da quinta-feira, 19 MAIO 2016. “Do ponto de vista institucional, é gravíssimo alguém ter a ousadia de colocar um grampo num gabinete do Supremo. É uma desfaçatez absoluta”, afirmou Barroso, responsável pela gestão das penas dos responsáveis pelo Mensalão.
Diante dessas constatações, na semana passada o diretor da ABIN, Wilson Trezza acertou sua saída do cargo que ocupa há oito anos. A tendência é a de que ele continue no posto até o final das Olimpíadas, tempo suficiente para que o governo Temer escolha um sucessor, que precisará ser sabatinado pelo Senado antes de assumir.
Fonte:DefesaNet
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