Manifestantes ignoram ordens do governo e seguem nas ruas de Hong Kong protestando por democracia. ‘Surda’ a protestos, a China contempla risco de descontrole em Hong Kong
Durante
todo o dia houve uma atmosfera carnavalesca. Estudantes distribuíram
garrafas de água, biscoitos, pão e bananas para os colegas participantes
do protesto. Eles também ajudaram os manifestantes a escalar
barricadas. Os autofalantes entravam em ação constantemente. E o
protesto foi ganhando maiores proporções.
Milhares
de manifestantes paralisaram um dos mais importantes centros
financeiros do planeta, forçando empresas a fechar e fazendo bolsas de
valores caírem. Em meio a arranha-céus brilhantes, os participantes do
protesto exibiam cartazes exigindo pela democracia.
PROTESTOS PRÓ-DEMOCRACIA VARREM HONG KONG
Moeda de troca
Essa é a
maior campanha por desobediência civil em Hong Kong em anos. Alguns
manifestantes carregavam guarda-chuvas decorados com a palavra
“revolução”. A ação foi significativa, até para os padrões de Hong Kong,
onde as pessoas têm direitos como liberdade de expressão garantidos –
ao contrário do que acontece na China continental.
“Nós
queremos que Pequim cumpra sua promessa e deixe as pessoas de Hong Kong
controlarem a cidade”, afirmou o técnico de informática Joe Cheung, de
41 anos. “Não estamos preocupados com o que vai acontecer. Lutaremos até
o fim. Precisamos defender nossa cidade”.
Alguns
manifestantes se prepararam até para a violência. Organizadores
prepararam tendas de primeiros socorros. A polícia queria tirar os
manifestantes do distrito de negócios da cidade, mas ao contrário apenas
aumentou o clima de provocação.
“Não posso
acreditar que eles usaram gás lacrimogênio”, afirmou Gary Loong, de 32
anos, que se uniu à multidão depois de sair do trabalho. “Nós não
queremos derramamento de sangue. Mas temos que fechar o distrito de
negócios pois essa é a nossa única moeda de barganha”.
Inimigo público
Quando a
noite caiu, aplausos ecoaram na multidão. Muitos trabalhadores de
escritórios se uniram aos manifestantes ou se juntaram em pontes para
assistir às cenas memoráveis.
Em
diversas ocasiões, muitas pessoas levantaram seus telefones celulares
com as luzes acesas. As únicas vaias foram proferidas pela multidão
quando manifestantes levantaram um grande retrato de C.Y. Leung, o chefe
executivo da região administrativa de Hong Kong. Para os manifestantes,
ele é o inimigo público número um e deve renunciar.
Na noite deste domingo para segunda-feira
(29/09), os policiais atacaram o movimento pela democracia com bombas de
gás lacrimogêneo, sprays de pimenta e cassetetes. Fontes da própria
polícia falam em 38 feridos. Enquanto isso, o governo afirma que as
forças policiais foram removidas porque “a situação nas ruas se acalmo
Mas muitos
outros moradores de Hong Kong não estão nas ruas e dizem acreditar que
os manifestantes estão exagerando nas reivindicações contra Pequim. Eles
também dizem temer que protestos crescentes podem levar à instabilidade
e à fuga de capitais.
Mas apesar
do grande desafio lançado pelos manifestantes, não há sinais de que
Pequim está escutando. As manifestações são vistas como ilegais. E como
ninguém parece disposto a recuar, o perigo é que os protestos saiam do
controle.
O
Movimento pró-democracia se fortalece após repressão policial.
Protestos são os mais graves desde que ex-colônia britânica passou ao
domínio chinês e representam um dos maiores desafios políticos para
Pequim em décadas.
As exigências dos manifestantes
A China
governa Hong Kong através de uma fórmula limitada de democracia, que
confere relativa autonomia à região, mas não permite eleições
independentes.
Os
manifestantes querem o direito de escolher livremente seus candidatos,
mas Pequim insiste em limitar as eleições de 2017 a um número restrito
de nomes fiéis ao governo, com temores de que os apelos pró-democracia
se espalhem para o seu território continental.
Os
manifestantes também pedem a saída do líder de Hong Kong, Leung
Chun-ying, que prometera uma ação firme contra os protestos. A agitação
em Hong Kong é a pior desde que a China retomou a ex-colônia britânica,
em 1997, após o fim de um acordo de 150 anos..
RPR/rtr/afp
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